Resultado do Papanicolau e HPV: qual a relação
O HPV (Papilomavírus Humano) é um vírus muito comum e está diretamente relacionado às alterações celulares identificadas no resultado do Papanicolau. Existem mais de 200 tipos de HPV, sendo que alguns são considerados de baixo risco, associados a verrugas genitais, e outros de alto risco, que podem causar alterações no colo do útero ao longo do tempo.
Um ponto importante (e que costuma gerar confusão) é que o HPV pode ficar anos “adormecido” no organismo, sem causar sintomas. Isso significa que uma alteração no Papanicolau não indica, necessariamente, uma infecção recente. Ou seja, muitas mulheres entram em contato com o vírus muito antes de ele ser detectado em exames.
Além do Papanicolau, o ginecologista pode solicitar a pesquisa de HPV, um exame que identifica se o vírus está presente e, em alguns casos, qual tipo de HPV. Esse teste ajuda a avaliar o risco de progressão das alterações celulares e a definir com mais precisão o acompanhamento necessário.
Vale reforçar: ter HPV não significa que a mulher terá câncer, mas indica a importância de manter o rastreamento e o seguimento adequados.
Quando o resultado do Papanicolau exige investigação complementar
Quando o resultado do Papanicolau mostra alterações persistentes ou de maior grau, o ginecologista pode solicitar exames complementares para entender melhor o que está acontecendo no colo do útero.
Colposcopia
A colposcopia é um exame que permite visualizar o colo do útero com aumento, usando um aparelho chamado colposcópio. Durante o exame, são aplicadas soluções especiais que ajudam a destacar áreas suspeitas. A colposcopia não é dolorosa e permite identificar exatamente onde estão as alterações, orientando os próximos passos.
Biópsia
Se durante a colposcopia forem observadas áreas suspeitas, pode ser indicada a biópsia, que consiste na retirada de um pequeno fragmento do tecido para análise em laboratório. A biópsia mostra com mais precisão o tipo e o grau da alteração celular, ajudando a definir se é necessário apenas acompanhamento ou algum tratamento específico.
Imuno-histoquímica
Em alguns casos, o material da biópsia pode passar por um exame chamado imuno-histoquímica, que avalia biomarcadores como p16 e Ki-67. Esses marcadores ajudam a identificar se a alteração celular está relacionada à ação persistente do HPV e qual o potencial de progressão da lesão. Na prática, esse exame auxilia o médico a diferenciar alterações que podem regredir sozinhas daquelas que precisam de acompanhamento mais próximo ou intervenção.
Esses exames complementares existem para refinar o diagnóstico, evitar tratamentos desnecessários e garantir um cuidado mais seguro e personalizado.
Com que frequência repetir o exame?
A frequência do Papanicolau depende da idade, do histórico clínico e dos resultados anteriores. Normalmente, após exames normais consecutivos, o intervalo pode ser maior. No entanto, frente alguma alteração, o ginecologista pode orientar que ele seja feito a cada seis meses.
Informação reduz a ansiedade e fortalece o cuidado
Receber um resultado do Papanicolau diferente do esperado pode gerar preocupação, mas, na maioria das vezes, não se trata de algo grave. Afinal, o exame existe justamente para identificar alterações precocemente e permitir acompanhamento seguro. Dessa forma, manter o exame em dia, conversar com o ginecologista e entender o que o laudo significa são passos fundamentais para cuidar da saúde do colo do útero com tranquilidade.
E, caso tenha ficado alguma dúvida sobre o Papanicolau ou sobre o HPV, no meu Instagram (@dr.rodrigoferrarese) respondo perguntas diariamente =)
Um beijo,
Dr. Rodrigo Ferrarese
Ginecologista e obstetra
CRMSP 149403 | RQE 70017