O que pode ser coceira na região íntima

Coceira na região íntima: o que pode ser?

A coceira na região íntima pode ter diversas causas, desde infecções até maus hábitos de higiene. Entenda quando buscar ajuda e quais cuidados adotar.

A coceira na região íntima é um incômodo que afeta mulheres independentemente da fase de vida em que se encontram. Ela pode ser causada por uma variedade de fatores, desde questões simples, como maus hábitos de higiene, até condições mais sérias, que exigem atenção médica. Isso porque o sintoma, que muitas vezes é acompanhado de irritação, corrimento ou odor, pode estar relacionado a infecções, desequilíbrios hormonais e alergias, entre outras possibilidades. 

Neste artigo, tiramos as principais dúvidas sobre coceira na região íntima, incluindo as causas mais comuns e como prevenir o problema.

O que causa coceira na região íntima?

A coceira na região íntima, também conhecida como prurido, é um sintoma que surge devido à ativação de mecanismos biológicos específicos na pele e nas mucosas da área genital. 

Quando há irritação, inflamação ou infecção na região íntima, células especializadas do sistema imunológico são ativadas. Essas células liberam substâncias que se ligam a receptores nas terminações nervosas da pele, enviando sinais ao cérebro que são interpretados como coceira. Além disso, a inflamação local aumenta o fluxo sanguíneo e a permeabilidade dos vasos, o que pode causar inchaço, vermelhidão e maior sensibilidade na área, exacerbando a sensação de coceira.

Outro fator importante é a chamada barreira cutânea. Isso porque a pele e as mucosas da região íntima possuem uma camada protetora que, quando comprometida (por exemplo, por ressecamento, atrito ou alterações no pH), permite a penetração de agentes irritantes ou patógenos (organismos capazes de causar doenças). Todo esse processo desencadeia uma resposta imune local, resultando em coceira.

Em resumo, a coceira na região íntima é o resultado de uma complexa interação entre o sistema imunológico, a barreira cutânea e o sistema nervoso, que trabalham em conjunto para responder a irritações, infecções ou desequilíbrios locais. Esses processos biológicos são essenciais para a defesa do organismo, mas, quando desregulados, podem causar desconforto significativo.

10 causas para coceira na região íntima

A coceira na região íntima pode ser mais do que um simples incômodo: muitas vezes, é um sinal de que algo precisa de atenção. Conheça aqui algumas possíveis causas.

  1. Infecções fúngicas (candidíase)

A candidíase é uma infecção causada pelo fungo Candida albicans, que naturalmente habita a região vaginal em pequenas quantidades. No entanto, quando há um desequilíbrio na flora vaginal (como após o uso de antibióticos, durante a gravidez ou em pessoas com diabetes não controlada), esse fungo pode se multiplicar excessivamente, causando coceira intensa, corrimento branco e espesso (semelhante a leite coalhado), ardência e irritação. 

  1. Infecções bacterianas (vaginose bacteriana)

A vaginose bacteriana ocorre quando há um desequilíbrio entre as bactérias benéficas e prejudiciais na vagina. Isso pode levar ao crescimento excessivo de bactérias como a gardnerella vaginalis, causando coceira, corrimento cinza ou esverdeado com odor forte (semelhante a peixe) e irritação. Fatores como duchas vaginais, múltiplos parceiros sexuais ou alterações hormonais podem aumentar o risco dessa infecção.

  1. Infecções Sexualmente Transmissíveis (ISTs)

Algumas ISTs, como a tricomoníase, clamídia e herpes genital, podem causar coceira na região íntima. Por exemplo, a tricomoníase é causada por um parasita e provoca coceira intensa, corrimento amarelo-esverdeado e odor desagradável. Já o herpes genital causa coceira, dor e pequenas bolhas ou feridas na região genital. Essas infecções requerem tratamento médico imediato para evitar complicações.

  1. Irritação ou alergias

A pele da região íntima é muito sensível e pode reagir a produtos químicos presentes em sabonetes, amaciantes de roupa, lubrificantes, preservativos e absorventes. Essas reações podem causar coceira, vermelhidão e inchaço. Além disso, roupas íntimas feitas de tecidos sintéticos ou muito apertadas podem reter umidade e calor, aumentando a irritação e o desconforto.

  1. Líquen escleroso

O líquen escleroso é uma condição inflamatória crônica que afeta a pele da região genital, causando coceira intensa, dor e alterações na textura da pele, que pode ficar mais fina, branca e com fissuras. A causa exata não é totalmente compreendida, mas pode estar relacionada a fatores autoimunes ou hormonais. Embora mais comum em mulheres na pós-menopausa, pode também afetar homens e crianças.

  1. Foliculite

A foliculite é a inflamação dos folículos pilosos, que pode ocorrer após a depilação, raspagem ou uso de roupas apertadas. Com isso, podem surgir pequenas bolinhas vermelhas, coceira e, em alguns casos, infecção bacteriana secundária. Manter a região limpa e evitar métodos de depilação agressivos pode ajudar a prevenir o problema.

  1. Menopausa

Com a diminuição dos níveis de estrogênio na menopausa, pode haver um ressecamento e afinamento da mucosa vaginal (o que chamamos de atrofia vaginal). Isso causa coceira, ardência e desconforto durante relações sexuais. A terapia hormonal ou hidratantes vaginais podem ser opções de tratamento para aliviar os sintomas.

  1. Higiene inadequada

A falta de higiene pode levar ao acúmulo de suor, bactérias e secreções na região íntima, causando coceira e irritação. Por outro lado, a higiene excessiva, como o uso de duchas vaginais ou sabonetes muito fortes, pode alterar o pH natural da vagina, eliminando bactérias benéficas e aumentando o risco de infecções. Assim, o ideal é lavar a região com água e sabonetes suaves, específicos para a área íntima.

  1. Doenças sistêmicas

Condições como diabetes, doenças hepáticas ou renais podem causar coceira generalizada, incluindo na região íntima. No caso do diabetes, por exemplo, o excesso de açúcar no sangue pode favorecer o crescimento de fungos e bactérias, além de causar ressecamento da pele. 

  1. Parasitas

Infestações por parasitas, como piolhos púbicos (chatos) ou ácaros da sarna, podem causar coceira intensa na região genital. Os piolhos púbicos são transmitidos principalmente por contato sexual e causam coceira, especialmente à noite. Por sua vez, a sarna é causada por ácaros que escavam a pele, causando coceira e pequenas lesões. Ambas as condições requerem tratamento específico com medicamentos tópicos ou orais.

Como evitar coceira na região íntima?

Manter a saúde e o conforto da região íntima é essencial, e pequenos cuidados no dia a dia podem fazer toda a diferença para evitar a coceira e o desconforto. Confira dicas práticas para prevenir esse incômodo:

Mantenha uma higiene adequada
  • Lave a região íntima com água e sabonetes suaves, específicos para a área, que respeitem o pH natural.
  • Evite duchas vaginais, pois elas podem alterar o equilíbrio da flora vaginal e aumentar o risco de infecções.
  • Após usar o banheiro, limpe-se sempre de frente para trás para evitar a contaminação por bactérias do ânus.
  • Evite o uso de produtos perfumados, como lenços umedecidos, sprays íntimos ou sabonetes agressivos.
Use roupas íntimas de algodão e evite itens muito justos
  • Prefira roupas íntimas feitas de algodão, que permitem a ventilação e reduzem a umidade na região.
  • Evite tecidos sintéticos, como nylon ou lycra, que retêm calor e umidade, criando um ambiente propício para o crescimento de fungos e bactérias.
  • Evite também calças ou shorts muito justos, que podem causar atrito e irritação na região íntima.
Mantenha a região seca
  • Após o banho ou atividades físicas, seque bem a região íntima com uma toalha limpa e macia.
  • Troque roupas íntimas suadas ou molhadas o mais rápido possível para evitar a proliferação de microorganismos.
Mantenha uma alimentação saudável
  • Uma dieta equilibrada, rica em probióticos (como iogurte natural), pode ajudar a manter o equilíbrio da flora vaginal.
  • Reduza o consumo de açúcar, pois ele pode favorecer o crescimento de fungos como a Candida.
  • Beba muita água. A hidratação adequada ajuda a manter a saúde da pele e das mucosas, prevenindo o ressecamento e a irritação.
Pratique sexo seguro
  • Use preservativos para reduzir o risco de infecções sexualmente transmissíveis (ISTs), que podem causar coceira e outros sintomas.
  • Lave a região íntima antes e após relações sexuais para manter a higiene.
  • Se possível, faça xixi após a relação sexual
Fique atenta a sinais de alergia
  • Se notar coceira após o uso de um produto específico (como sabonete, amaciante ou lubrificante), suspenda o uso e observe se os sintomas melhoram.
  • Teste novos produtos em uma pequena área da pele antes de aplicá-los na região íntima.
Consulte um médico regularmente
  • Faça check-ups ginecológicos periódicos para monitorar a saúde íntima.
  • Se a coceira persistir ou for acompanhada de outros sintomas (corrimento, odor, feridas ou dor), procure um ginecologista para um diagnóstico e tratamento adequados.
Quando procurar um ginecologista?

É recomendado procurar um ginecologista quando a coceira na região íntima persiste por mais de alguns dias, é intensa ou está acompanhada de outros sintomas, como corrimento anormal, odor forte, vermelhidão, inchaço, feridas, dor durante relações sexuais ou ao urinar.

Além disso, se houver suspeita de infecções sexualmente transmissíveis (ISTs), alterações no ciclo menstrual, ou se a coceira estiver relacionada a condições crônicas como diabetes ou menopausa, a avaliação médica é essencial. Além disso, consultas regulares ao ginecologista são importantes para prevenção e monitoramento da saúde íntima, mesmo na ausência de sintomas.

Tem alguma pergunta sobre coceira na região íntima? Lá no meu Instagram (@dr.rodrigoferrarese) respondo dúvidas diariamente =)

Você pode ainda fazer parte do Clube da Calcinha, um espaço que criei especialmente para responder dúvidas, mas de maneira personalizada e objetiva. Clique aqui para se inscrever!

Um beijo,
Dr. Rodrigo Ferrarese
Ginecologista e obstetra
CRMSP 149403
RQE 70017

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