Nem sempre a gente associa uma cólica forte, uma irritação fora de hora ou uma menstruação que não vem como algo relacionado aos hormônios. Mas a verdade é que os hormônios são responsáveis por boa parte do equilíbrio do nosso corpo, especialmente quando falamos em saúde íntima e bem-estar feminino.
Neste artigo, explico o que é uma alteração hormonal, quais os sinais mais comuns e quando vale procurar um ginecologista para investigar.
Alteração hormonal é quando há um desequilíbrio na produção, liberação ou ação dos hormônios do corpo — substâncias que controlam funções essenciais como o ciclo menstrual, o humor, o apetite, o sono, a ovulação, o crescimento dos pelos, a fertilidade e muito mais.
No caso das mulheres, os principais hormônios envolvidos são: estrogênio, progesterona, FSH, LH, prolactina e os hormônios da tireoide. Assim, quando algo afeta o funcionamento deles, surgem sinais que podem ir muito além do ciclo menstrual.
Para entender melhor o que está por trás de uma alteração hormonal, é importante saber como funcionam os hormônios que regulam o corpo da mulher. Por exemplo, algo que devemos ter claro é que, embora cada um deles tenha funções específicas, todos trabalham em conjunto. Por isso, quando há alteração hormonal de um único hormônio, vemos efeitos aparecerem em várias partes do corpo.
É o hormônio responsável por desenvolver as características femininas, como seios e distribuição de gordura. Também, atua no crescimento do endométrio (camada interna do útero) e está ligado ao bem-estar emocional, lubrificação vaginal e proteção dos ossos.
Atua principalmente na segunda fase do ciclo menstrual, preparando o útero para uma possível gravidez. Além disso, ajuda a equilibrar os efeitos do estrogênio e está ligada à regulação do sono, do apetite e da temperatura corporal.
Estimula os ovários a desenvolverem os folículos que contêm os óvulos. Assim, níveis muito altos ou muito baixos desse hormônio podem interferir na ovulação e na fertilidade.
O LH trabalha junto com o FSH e tem papel crucial no momento da ovulação. Afinal, é o pico de LH que faz o óvulo se desprender do ovário. Ainda, estimula a produção de progesterona após a ovulação.
Prolactina é o hormônio que estimula a produção de leite materno após o parto. Dessa forma, fora da amamentação, níveis altos de prolactina podem causar irregularidade menstrual, ausência de ovulação e até produção de leite sem gravidez.
Regem o metabolismo do corpo. Assim, quando estão em desequilíbrio, afetam desde o ritmo do ciclo menstrual até o humor, a energia, a pele, o intestino e o peso corporal. Consequentemente, tireoide lenta (hipotireoidismo) ou acelerada (hipertireoidismo) podem causar diversos sintomas.
Esses hormônios se influenciam o tempo todo. É por isso que o ciclo menstrual e a saúde emocional e física da mulher estão tão ligados aos equilíbrios e desequilíbrios hormonais.
Cada mulher é única, e os sintomas de uma alteração hormonal variam bastante de pessoa para pessoa. Ainda assim, alguns sinais são bem comuns em casos de desequilíbrio. Aqui, listo os principais:
Menstruações que atrasam, adiantam ou desaparecem por meses podem indicar alterações hormonais — especialmente em casos de SOP, disfunções da tireoide ou após o uso de anticoncepcionais.
A acne adulta que não melhora com cuidados dermatológicos pode estar ligada ao excesso de andrógenos, como acontece na síndrome dos ovários policísticos.
O crescimento de pelos no rosto, abdômen ou seios também pode ser sinal de um desequilíbrio nos hormônios masculinos no corpo da mulher.
Problemas hormonais, como alterações na tireoide ou déficit de estrogênio, costumam afetar a saúde dos cabelos.
A variação dos níveis hormonais — especialmente no período pré-menstrual, pós-parto ou na perimenopausa — pode interferir diretamente nas emoções.
Alterações hormonais muitas vezes estão por trás de ciclos anovulatórios (sem ovulação) ou ovulação irregular, dificultando a concepção.
Em algumas mulheres, as dores de cabeça aparecem ou pioram em fases específicas do ciclo — sinal de alteração hormonal.
A alteração hormonal pode impactar o ritmo circadiano, levando à insônia ou sensação constante de exaustão.
Quando há alteração nos hormônios da tireoide, cortisol ou insulina, o corpo tende a reter mais gordura mesmo sem mudança de hábitos.
Os motivos são variados e nem sempre têm relação com uma doença. Algumas causas comuns:
Estresse crônico: O excesso de cortisol (hormônio do estresse) interfere diretamente na produção dos hormônios sexuais.
Uso ou interrupção de métodos contraceptivos hormonais: Mudanças no anticoncepcional ou parar de usá-lo pode gerar uma fase de adaptação no ciclo hormonal.
Síndrome dos ovários policísticos (SOP): Uma das causas mais frequentes de desequilíbrio hormonal em mulheres jovens.
Distúrbios da tireoide (hipo ou hipertireoidismo): Impactam o metabolismo, o ciclo menstrual e o funcionamento geral do organismo.
Pós-parto e amamentação: Durante essa fase, há queda de estrogênio e aumento da prolactina — combinação que altera o humor, o ciclo e a libido.
Perimenopausa e menopausa: A transição para o fim do período fértil é marcada por flutuações hormonais intensas, que geram sintomas físicos e emocionais.
O diagnóstico de uma alteração hormonal é feito com base nos seus sintomas, histórico de saúde e exames laboratoriais. O ginecologista pode solicitar:
Esses exames ajudam a entender o que está por trás dos sintomas e indicam o melhor tratamento para equilibrar o corpo novamente.
Sim! E o mais importante: não é algo que você precisa enfrentar sozinha.
O tratamento depende da causa, mas pode envolver:
O foco é restabelecer o equilíbrio hormonal e devolver qualidade de vida.
Sentir que o corpo está diferente e não saber o motivo pode ser angustiante. Mas saiba: alteração hormonal é comum, tem tratamento e merece atenção.
Se você se identificou com os sintomas descritos aqui, marque uma consulta com seu ginecologista. Um diagnóstico preciso pode ser o primeiro passo para se sentir melhor — física e emocionalmente.
E, caso tenha ficado alguma dúvida sobre alteração hormonal, no meu Instagram (@dr.rodrigoferrarese) respondo perguntas diariamente =)
Um beijo,
Dr. Rodrigo Ferrarese
Ginecologista e obstetra
CRMSP 149403 | RQE 70017
Dr. Rodrigo Ferrarese – CRM 149403 / RQE 70017
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