O prolapso uterino é uma condição comum, mas muitas vezes subdiagnosticada, que pode impactar significativamente a qualidade de vida de mulheres em diferentes fases da vida. Assim, neste artigo, vamos explorar o que é o prolapso uterino e quais são suas causas e sintomas. Além disso, explico como é feito o diagnóstico e quais são as opções de tratamento. Por fim, trago cinco hábitos que ajudam na prevenção do prolapso e trazem qualidade de vida e bem-estar íntimo de maneira geral.
O que é prolapso uterino?
O prolapso uterino ocorre quando os músculos e tecidos que sustentam o útero se enfraquecem ou se tornam incapazes de mantê-lo em sua posição habitual. Consequentemente, há uma “descida” do útero em direção à vagina, podendo, em casos mais graves, sair parcialmente ou completamente pelo canal vaginal.
O que causa prolapso uterino?
Vários fatores contribuem para o desenvolvimento do prolapso uterino, incluindo:
- Gravidez e parto: o parto vaginal, especialmente múltiplos ou complicados, pode enfraquecer os músculos pélvicos.
- Envelhecimento e menopausa: a queda nos níveis de estrogênio durante a menopausa reduz a elasticidade dos tecidos de sustentação.
- Pressão intra-abdominal: condições como obesidade, constipação crônica e tosse prolongada aumentam o risco.
- Histórico familiar: há também uma predisposição genética para o enfraquecimento do tecido conjuntivo.
Sinais e sintomas: como reconhecer o prolapso uterino
Identificar o prolapso uterino precocemente é essencial para buscar tratamento e evitar complicações. Embora os sinais variem em intensidade de acordo com o grau da condição, alguns sintomas são bastante característicos e podem impactar tanto o bem-estar físico quanto emocional. São eles:
Sensação de peso ou pressão na pelve: muitas mulheres descrevem como se algo estivesse “caindo” na região.
Protuberância visível ou palpável na vagina: em casos mais avançados, é possível observar ou sentir o útero deslocado na abertura vaginal.
Desconforto durante relações sexuais: o prolapso pode causar dor ou desconforto, interferindo na intimidade.
Dificuldade para urinar: inclui sensação de esvaziamento incompleto da bexiga, necessidade frequente de urinar ou incontinência urinária.
Problemas intestinais: constipação crônica ou dificuldade para evacuar devido à pressão na região.
Dor lombar: em alguns casos, o desconforto se irradia para as costas.
Agravamento dos sintomas ao longo do dia: esforços físicos ou ficar em pé por muito tempo podem intensificar o desconforto.
Assim, ficar atenta a esses sinais pode facilitar a busca por diagnóstico e tratamento, evitando que a condição se agrave.
Diagnóstico e tratamentos para o prolapso uterino
O diagnóstico do prolapso uterino é feito com base em uma avaliação clínica detalhada. Assim, durante o exame físico, o ginecologista analisa o grau de deslocamento do útero e observa possíveis alterações nos tecidos pélvicos. Ainda, quando necessário, o médico pode pedir exames complementares, como ultrassonografia ou ressonância magnética, para compreender melhor a extensão e o impacto da condição.
O tratamento varia conforme a gravidade do prolapso e as necessidades individuais da paciente, podendo incluir opções conservadoras ou cirúrgicas.
Tratamentos conservadores
Exercícios do assoalho pélvico:
Técnicas como os exercícios de Kegel são recomendadas para fortalecer os músculos pélvicos e melhorar o suporte ao útero. São ideais para casos leves ou como medida preventiva.
Pessários vaginais:
Pessários são dispositivos de silicone ou plástico inseridos na vagina para sustentar o útero. Assim, são indicados para mulheres que desejam evitar ou postergar a cirurgia.
Tratamentos cirúrgicos
Reparo vaginal:
Trata-se de uma técnica que reposiciona o útero e reforça os tecidos de sustentação. Por isso, é indicada para casos moderados a graves, quando o suporte pélvico está significativamente comprometido.
Cirurgia abdominal ou laparoscópica:
Procedimentos mais invasivos que podem incluir a fixação do útero ou a histerectomia (remoção do útero), dependendo da gravidade e do desejo da paciente de preservar o órgão. Frequentemente, são as opções para casos avançados ou quando outras abordagens não são eficazes.
O que devemos considerar na escolha do melhor tratamento:
- A idade e o estado de saúde geral da paciente.
- O grau de prolapso uterino.
- O desejo de preservar o útero, especialmente em mulheres mais jovens.
- O impacto dos sintomas na qualidade de vida.
Independentemente da abordagem escolhida, é fundamental discutir as opções com o ginecologista para alinhar expectativas e garantir o melhor cuidado possível.
5 formas de prevenir o prolapso uterino
Embora nem todos os casos de prolapso uterino possam ser evitados, adotar hábitos saudáveis e cuidar do fortalecimento da musculatura pélvica podem reduzir significativamente os riscos. Aqui estão algumas medidas eficazes de prevenção:
1 – Fortalecer o assoalho pélvico
Pratique exercícios de Kegel, que são contrações regulares dos músculos pélvicos, e que ajudam a manter a sustentação adequada dos órgãos. Além disso, considere fazer fisioterapia pélvica, na qual uma fisioterapeuta especializada pode ensinar técnicas para melhorar a força e a elasticidade dessa musculatura.
2 – Controle da pressão intra-abdominal
Evite constipação crônica mantendo uma dieta rica em fibras, com frutas, vegetais e grãos integrais, além de uma hidratação adequada. Também, cuide de possíveis problemas respiratórios, como asma ou tosse crônica, evitando assim esforços prolongados. Por fim, ao levantar objetos pesados, utilize técnicas que protejam o assoalho pélvico, reduzindo a sobrecarga na região.
3 – Manter um estilo de vida saudável
Controle o peso corporal, pois o excesso de peso aumenta a pressão na região pélvica e sobrecarrega os músculos de sustentação. Ainda, pratique atividades físicas moderadas, como caminhadas e exercícios de baixo impacto, que promovem saúde geral sem comprometer o assoalho pélvico.
4 – Cuidados durante e após a gravidez
Evite esforços exagerados durante o período de recuperação pós-parto, pois esse é um momento crucial para que os músculos pélvicos retornem ao seu estado natural. Além disso, se você teve partos complicados, consultar um especialista pode ajudar a identificar precocemente sinais de enfraquecimento no assoalho pélvico.
5 – Cuide da saúde hormonal
A queda nos níveis de estrogênio pode enfraquecer os tecidos pélvicos, mas a reposição hormonal (quando indicada) pode ajudar a minimizar esse impacto. Assim, na pré-menopausa, avalie junto ao seu ginecologista essa possibilidade.
Em resumo, prevenir o prolapso uterino envolve cuidar da saúde de forma global e estar atenta a fatores de risco. Consequentemente, ao incorporar essas medidas no dia a dia você não apenas reduz as chances de desenvolver o problema, mas também melhora sua qualidade de vida e bem-estar íntimo.
Espero que eu tenha respondido as suas dúvidas sobre prolapso uterino! E, caso tenha ficado alguma, lá no meu Instagram (@dr.rodrigoferrarese) respondo diariamente perguntas sobre questões ginecológicas =)
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Um beijo,
Dr. Rodrigo Ferrarese
Ginecologista e obstetra
CRMSP 149403
RQE 70017