Chegar aos 40 traz muitas mudanças positivas: mais autoconhecimento, segurança e liberdade para viver a sexualidade de forma mais consciente. No entanto, também é uma fase em que o corpo começa a passar por algumas transformações hormonais que podem interferir no desejo sexual.
Essas alterações são completamente naturais, mas entender o que muda na libido depois dos 40 — e saber como lidar com elas — é essencial para continuar vivendo a sexualidade de forma plena e saudável.
O que é libido
A libido é o termo usado para descrever o desejo ou impulso sexual. Ou seja, ela está relacionada à vontade de se envolver em atividades sexuais, mas também reflete energia vital, disposição e interesse pelo contato íntimo e afetivo.
É importante saber que não existe um “nível normal” de libido — ela varia de pessoa para pessoa e até ao longo da vida, dependendo de fatores físicos, hormonais, emocionais e de contexto. Assim, uma libido mais baixa em alguns momentos não é necessariamente um problema; torna-se uma preocupação apenas quando passa a afetar o bem-estar, a autoestima ou o relacionamento.
A influência dos hormônios na libido depois dos 40
Os hormônios têm papel central no desejo sexual feminino, e seus níveis variam naturalmente ao longo da vida. Por volta dos 40 anos, muitas mulheres começam a entrar na perimenopausa, fase de transição para a menopausa. Nessa etapa, há uma queda gradual dos níveis de estrogênio e progesterona, hormônios que antes mantinham o equilíbrio do ciclo menstrual, a lubrificação vaginal e a sensação de bem-estar.
Por exemplo, com menos estrogênio, é comum surgir secura vaginal, o que torna o sexo desconfortável, e uma diminuição da irrigação sanguínea na região íntima, que afeta a sensibilidade e a resposta ao estímulo. Por sua vez, a queda da progesterona interfere no humor e na qualidade do sono, o que também influencia o desejo.
Outro hormônio essencial é a testosterona, produzida em pequenas quantidades pelos ovários e pelas glândulas suprarrenais. Ela está diretamente ligada à libido, à energia e à vitalidade. Assim, com a queda dos níveis de testosterona, o resultado é menor interesse sexual e até fadiga.
Essas mudanças hormonais são naturais e não acontecem da noite para o dia — mas entender o processo é o primeiro passo para buscar equilíbrio e cuidar da libido depois dos 40 de forma integral.
Outros fatores que influenciam a libido depois dos 40
Embora os hormônios tenham grande impacto, a libido feminina também é influenciada por fatores emocionais, físicos e de estilo de vida. A seguir, os principais:
Estilo de vida – Rotinas muito estressantes, noites mal dormidas, alimentação desequilibrada e sedentarismo reduzem a disposição física e mental. Afinal, o corpo cansado naturalmente prioriza o descanso, e não o desejo. Atividade física regular, boa alimentação e momentos de lazer são aliados do bem-estar sexual.
Hipotireoidismo – Quando a tireoide funciona lentamente, o metabolismo desacelera e isso pode causar fadiga, ganho de peso, depressão leve e diminuição da libido. No entanto, o tratamento adequado costuma restabelecer o equilíbrio e, com ele, o interesse sexual.
Depressão e saúde mental – Transtornos emocionais como ansiedade e depressão reduzem o desejo, tanto pela alteração nos neurotransmissores ligados ao prazer quanto pelo impacto na autoestima. O acompanhamento psicológico e, quando indicado, o tratamento medicamentoso ajudam a restabelecer o equilíbrio.
Medicamentos – Alguns remédios, como antidepressivos, anticoncepcionais hormonais e anti-hipertensivos, podem diminuir o desejo sexual. Por isso, é importante conversar com o médico caso perceba alterações após iniciar um tratamento. Muitas vezes, é possível ajustar a medicação ou buscar alternativas.
Conexão emocional e relacionamento – O desejo não depende apenas do corpo, mas também da mente e da relação com o parceiro. Assim, problemas de comunicação, rotina desgastante e falta de tempo para o casal afetam a intimidade. Investir em diálogo, afeto e reconexão emocional é fundamental para manter o vínculo e a libido depois dos 40.
Como saber se a falta de libido é um problema hormonal
Nem toda queda no desejo sexual tem origem hormonal, mas esse é um dos fatores mais comuns após os 40 anos. Assim, quando a diminuição da libido vem acompanhada de outros sintomas — como ressecamento vaginal, ondas de calor, alterações no sono, irritabilidade, fadiga e ganho de peso — é um sinal de que os hormônios podem estar em desequilíbrio.
O ginecologista pode solicitar exames hormonais para avaliar os níveis de estrogênio, progesterona e testosterona, além de verificar o funcionamento da tireoide. A partir dos resultados, é possível identificar se o problema é de origem hormonal e indicar o tratamento mais adequado, que pode envolver reposição hormonal, ajustes de estilo de vida e orientações para o bem-estar sexual.
O mais importante é não ignorar o sintoma. Afinal, tratar o desequilíbrio hormonal melhora não só a libido depois dos 40, mas também a disposição, o humor e a qualidade de vida como um todo.
Como cuidar da libido depois dos 40
Cuidar da libido é cuidar da saúde como um todo. Assim, manter uma alimentação equilibrada, rica em frutas, verduras e alimentos que favorecem o equilíbrio hormonal, faz diferença. Além disso, praticar atividade física regularmente ajuda a melhorar a circulação, o humor e a autoestima — todos fatores que contribuem para uma vida sexual mais ativa.
Dormir bem também é essencial: noites mal dormidas afetam diretamente a produção hormonal e o bem-estar emocional. Além disso, reservar momentos para o autocuidado e o lazer é uma forma de reconectar-se consigo mesma e com o próprio corpo.
No campo emocional, a comunicação no relacionamento tem papel fundamental. Assim, conversar com o parceiro sobre o que está acontecendo, sem culpas nem cobranças, fortalece a intimidade e reduz a ansiedade em torno do desejo. E, claro, o acompanhamento médico é indispensável: o ginecologista pode avaliar as causas da queda da libido e indicar o tratamento ideal para cada caso.
Com informação, autocuidado e acompanhamento adequado, é possível viver a sexualidade de forma saudável, prazerosa e plena em qualquer fase da vida — inclusive (e especialmente) depois dos 40.
E, caso tenha ficado alguma dúvida sobre a libido depois dos 40, no meu Instagram (@dr.rodrigoferrarese) respondo perguntas diariamente =)
Um beijo,
Dr. Rodrigo Ferrarese
Ginecologista e obstetra
CRMSP 149403 | RQE 70017