O que é cistocele ou “bexiga caída” e como tratar

Cistocele ou “bexiga caída”: o que é e como tratar

Entenda o que é a cistocele, seus principais sintomas, como é feito o diagnóstico e as formas de tratamento.

A cistocele, também conhecida como “bexiga caída” ou “prolapso da bexiga”, é uma condição na qual a bexiga se desloca da sua posição normal, causando uma protuberância na parede vaginal. Trata-se de um problema bastante comum, principalmente em mulheres com mais de 40 anos e que já tiveram filhos. 

O que causa a cistocele?

A causa principal da cistocele é o enfraquecimento dos tecidos de suporte da bexiga. Isso ocorre devido a uma variedade de fatores:

Parto vaginal traumático

Durante o parto vaginal, especialmente em casos de partos difíceis, prolongados ou com uso de instrumentação, como fórceps, os tecidos do assoalho pélvico podem se esticar ou sofrer lesões, levando ao seu enfraquecimento.

Envelhecimento

Com o passar dos anos, os tecidos do corpo tendem a perder elasticidade e firmeza, incluindo os músculos e ligamentos do assoalho pélvico. Assim, é possível que haja uma diminuição do suporte para os órgãos pélvicos, como a bexiga.

Menopausa

Durante a menopausa, ocorre uma diminuição nos níveis de estrogênio, um hormônio que desempenha um papel na manutenção da saúde dos tecidos do assoalho pélvico. Essa redução pode contribuir para o enfraquecimento desses tecidos.

Obesidade

O excesso de peso coloca uma pressão adicional sobre os músculos do assoalho pélvico e os órgãos pélvicos, o que pode levar ao enfraquecimento dos tecidos de suporte.

Atividades de alto impacto

Atividades que envolvem levantamento de peso, corrida de longa distância ou outros tipos de exercícios de alto impacto podem aumentar a pressão intra-abdominal e colocar estresse adicional nos músculos do assoalho pélvico.

Genética

Algumas pessoas têm uma predisposição genética para desenvolver o enfraquecimento dos tecidos do assoalho pélvico, o que pode aumentar o risco de cistocele.

Quais os 3 graus da cistocele?

A cistocele é classificada em três graus, com base na gravidade do prolapso da bexiga e na extensão do abaulamento da parede vaginal.

  1. Grau I (leve): prolapso leve. Aqui, a bexiga pode protuberar ligeiramente na parede vaginal, mas geralmente não causa sintomas significativos.
  2. Grau II (moderado): prolapso mais pronunciado. A bexiga pode protuberar mais significativamente na parede vaginal, causando sintomas como sensação de peso ou pressão na área pélvica, dificuldade em esvaziar completamente a bexiga e possivelmente incontinência urinária.
  3. Grau III (grave): estágio mais avançado. A bexiga pode protuberar consideravelmente na parede vaginal, chegando até a se projetar para fora da abertura vaginal. Assim, os sintomas são mais pronunciados e podem incluir uma sensação intensa de peso ou pressão na área pélvica, dificuldade em urinar e vazamento de urina mesmo com atividades leves.

Essa classificação em graus existe para nos ajudar a determinar a gravidade do prolapso da bexiga e a planejar o tratamento mais apropriado para cada paciente.

Quais os sintomas da cistocele?

Os sintomas da cistocele variam dependendo da gravidade do prolapso da bexiga e de outros fatores individuais.

  • Sensação de peso ou pressão na área pélvica: um dos sintomas mais comuns da cistocele é aquela sensação de que algo está sendo puxado para baixo na região pélvica.
  • Dificuldade em esvaziar completamente a bexiga: acontece devido ao posicionamento alterado da bexiga e pode levar a uma sensação de esvaziamento incompleto e aumentar o risco de infecções do trato urinário.
  • Incontinência urinária: o prolapso da bexiga pode causar vazamento de urina, especialmente durante atividades que aumentam a pressão intra-abdominal, como tossir, espirrar, levantar objetos pesados ou fazer exercícios de alto impacto.
  • Aumento da frequência urinária: algumas pessoas podem sentir uma necessidade frequente e urgente de urinar, mesmo quando a bexiga não está cheia.
  • Sensação de desconforto durante o sexo: o prolapso da bexiga pode causar desconforto ou dor durante o sexo, especialmente durante a penetração vaginal.
  • Sensação de protuberância na vagina: em casos mais avançados de cistocele, pode ser possível sentir ou ver uma protuberância na parede vaginal, onde a bexiga se deslocou para baixo.

Vale destacar que nem todas as pessoas com cistocele apresentam todos esses sintomas e na mesma gravidade. Por isso, é preciso avaliar caso a caso.

Quais exames descobrem a cistocele?

Seu ginecologista deve usar uma combinação de exames para diagnosticar a cistocele e avaliar sua gravidade. Entre eles, histórico médico detalhado e exames de imagem.

Exame pélvico: examina-se a área genital externa e interna, incluindo a vagina e o colo do útero, em busca de sinais de prolapso da bexiga. Neste exame, é comum o médico pedir para que você faça algum esforço, como tossir ou fazer força, enquanto ele observa qualquer protuberância na parede vaginal.

Histórico clínico: o ginecologista faz perguntas detalhadas sobre seus sintomas, incluindo a gravidade, duração e fatores que pioram ou aliviam os sintomas. Também, um histórico médico completo nos ajuda a entender melhor os fatores de risco e possíveis causas subjacentes da cistocele.

Ultrassonografia pélvica: é usada para visualizar a bexiga e os órgãos pélvicos, ajudando a determinar a presença e a gravidade do prolapso da bexiga. É feito tanto através da parede abdominal quanto transvaginalmente.

Urodinâmica: este teste avalia a função da bexiga e do trato urinário, medindo a pressão dentro da bexiga durante a micção e avaliando como a bexiga se esvazia.

Cistoscopia: no procedimento, um tubo fino e flexível com uma câmera na ponta (cistoscópio) é inserido na uretra para visualizar o interior da bexiga. Isso ajuda a descartar outras condições responsáveis por sintomas semelhantes e avaliar se há outras anomalias na bexiga.

Como corrigir a cistocele?

O tratamento da cistocele pode variar dependendo da gravidade dos sintomas, da sua idade, condições médicas subjacentes e também preferências pessoais.

Fisioterapia para o assoalho pélvico

Exercícios de fortalecimento dos músculos do assoalho pélvico, conhecidos como exercícios de Kegel, podem ajudar a fortalecer os músculos ao redor da bexiga e melhorar os sintomas da cistocele. Dessa forma, é preciso conciliar o tratamento ginecológico com o acompanhamento de uma fisioterapeuta especializada, para que os exercícios sejam feitos corretamente.

Dispositivos de suporte

Pode-se inserir na vagina dispositivos como pessários, para ajudar a suportar a bexiga e aliviar os sintomas da cistocele. Esses dispositivos são geralmente feitos de silicone e podem ser removidos e limpos regularmente.

Medicamentos

Em alguns casos, medicamentos podem ser prescritos para tratar sintomas específicos da cistocele, como incontinência urinária. Por exemplo, medicamentos para a bexiga podem ajudar a controlar a urgência e a frequência urinária.

Cirurgia

A cirurgia apenas é recomendada em casos mais graves de cistocele, quando outras opções de tratamento não são eficazes. Dessa forma, existem diferentes procedimentos cirúrgicos disponíveis para corrigir a cistocele, incluindo reparo vaginal anterior, colporrafia anterior com ou sem reforço de tela, ou procedimentos laparoscópicos ou robóticos. Assim, o tipo de cirurgia recomendado dependerá da gravidade do prolapso da bexiga e das preferências da paciente.

Em resumo, o tratamento da cistocele pode melhorar significativamente sua qualidade de vida e reduzir os sintomas associados à condição. Por isso é tão importante conversar com um ginecologista!

Tem outras perguntas sobre a cistocele ou “bexiga caída”? Deixe sua dúvida por aqui ou no meu Instagram (@dr.rodrigoferrarese).

Um beijo,
Dr. Rodrigo Ferrarese
Médico ginecologista e obstetra
CRMSP 149403
RQE 70017

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