Suas dúvidas respondidas sobre cólica menstrual

Cólica menstrual: 10 dúvidas respondidas

Será que é normal? Tire aqui as suas principais dúvidas sobre cólica menstrual

Chega a menstruação e você já sabe que vai sentir cólica. Assim, mune-se de analgésico e se prepara psicologicamente para o desconforto, que pode durar alguns dias.

Realmente, a cólica menstrual é uma experiência relativamente comum (e muitas vezes debilitante) para milhões de mulheres em todo o mundo. E, apesar de ser uma ocorrência mensal para a maioria, ainda persistem muitas dúvidas e incertezas em torno desse fenômeno. Inclusive, uma questão frequente é até que ponto essa dor é “normal” e como lidar com esse desconforto que, embora mensal, varia muito desde a adolescência até a fase adulta.

Neste artigo, abordo as 10 perguntas mais frequentes que recebo sobre cólica menstrual, buscando esclarecer alguns mitos e, assim, ajudar as mulheres a compreenderem melhor esse aspecto da sua saúde.

1 – Por que algumas mulheres experimentam cólicas menstruais mais intensas do que outras?

A intensidade das cólicas menstruais varia de mulher para mulher, e é influenciada por diversos fatores. Um deles é o nível de substâncias chamadas prostaglandinas que são liberadas pelo corpo durante o período menstrual, para auxiliar nas contrações uterinas e na eliminação do revestimento uterino. Níveis mais elevados dessas substâncias estão associados a cólicas mais intensas. Além disso, condições médicas, como endometriose, fibromas uterinos ou infecções pélvicas, também podem contribuir para o aumento da intensidade das cólicas.

Ainda, a idade desempenha um papel, sendo comum que adolescentes experimentem cólicas mais intensas nos primeiros anos após a menarca (primeira menstruação). Além disso, ciclos menstruais irregulares, uso do DIU de cobre e estresse elevado podem intensificar o desconforto. Fatores genéticos também podem influenciar, assim como o estilo de vida, incluindo falta de exercício, tabagismo e dieta pouco saudável.

No entanto, nada disso justifica não procurar uma avaliação médica caso sua cólica cause desconforto e impacte na sua qualidade de vida. Junto ao seu ginecologista, é importante averiguar e discutir opções de gerenciamento, que podem incluir analgésicos, métodos contraceptivos hormonais ou outras intervenções adequadas ao seu caso específico.

2 – Qual é a diferença entre cólicas menstruais normais e sinais de um problema de saúde mais sério?

A diferença entre cólicas menstruais normais e sinais de um problema de saúde mais sério muitas vezes está relacionada à intensidade, duração e impacto nas atividades diárias. Isso porque cólicas menstruais normais são comuns e geralmente não causam grande interferência nas atividades cotidianas. Elas são caracterizadas por desconforto leve a moderado na região abdominal inferior, que pode ser aliviado com analgésicos e medidas simples, como aplicação de bolsa de água quente.

Por outro lado, cólicas menstruais que indicam um problema de saúde mais sério podem apresentar as seguintes características:

  1. Intensidade extrema: dor intensa que não melhora com analgésicos convencionais pode ser indicativo de condições médicas subjacentes, como endometriose ou fibromas uterinos.
  2. Duração prolongada: cólicas que persistem além do período menstrual ou que ocorrem fora do ciclo menstrual normal podem sinalizar problemas, como infecções pélvicas ou distúrbios ginecológicos.
  3. Sintomas adicionais: a presença de sintomas adicionais, como febre, náuseas, vômitos, dores intensas durante a relação sexual ou irregularidades menstruais significativas, indica a necessidade de avaliação médica.
  4. Impacto nas atividades diárias: se as cólicas menstruais interferem significativamente nas atividades diárias, prejudicando o desempenho no trabalho, na escola ou nas relações pessoais, isso pode ser um sinal de que há um problema subjacente.

Em casos de dúvida ou preocupação, é fundamental procurar a orientação de um médico. Um ginecologista pode realizar avaliações adequadas, como exames físicos, exames de imagem e, se necessário, procedimentos mais especializados para identificar e tratar quaisquer problemas de saúde mais sérios relacionados às cólicas menstruais.

3 – Existem métodos naturais ou remédios caseiros eficazes para aliviar as cólicas menstruais?

Sim, existem vários métodos naturais e remédios caseiros que podem ser eficazes para aliviar as cólicas menstruais. Embora a eficácia possa variar de pessoa para pessoa, muitas mulheres encontram alívio ao incorporar essas abordagens em sua rotina. Algumas opções incluem:

  1. Aplicação de calor: a aplicação de calor na região abdominal inferior pode ajudar a relaxar os músculos uterinos e aliviar as cólicas. Assim, tente usar uma bolsa de água quente ou uma almofada térmica.
  2. Massagem abdominal: massagens suaves na região abdominal podem ajudar a reduzir a tensão e melhorar o fluxo sanguíneo, aliviando as cólicas.
  3. Chás de ervas: certas ervas, como a camomila e a menta, têm propriedades calmantes que podem ajudar a relaxar o corpo e aliviar as cólicas. 
  4. Exercícios leves: atividades físicas leves, como caminhadas ou ioga, ajudam a liberar endorfinas, que têm propriedades analgésicas naturais.
  5. Suplementos de magnésio: algumas evidências sugerem que suplementos de magnésio podem ajudar a reduzir a intensidade das cólicas menstruais.
  6. Óleo essencial de lavanda: a inalação ou aplicação de óleo essencial de lavanda pode ter propriedades relaxantes e ajudar no alívio do desconforto.
  7. Evitar cafeína e álcool: a redução do consumo de cafeína e álcool durante o período menstrual ajuda a minimizar a irritação e a inflamação, contribuindo para o alívio das cólicas.

Lembre-se que, embora esses métodos possam ser eficazes para algumas pessoas, a resposta individual pode variar. Assim, procure testar algumas variações desses cuidados, verificando como seu corpo reage.

4 – Como saber se é uma cólica normal ou sintoma de endometriose?

Distinguir entre cólicas menstruais normais e sintomas de endometriose pode ser desafiador, mas há algumas características que podem ajudar a diferenciar as duas. Por exemplo, cólicas menstruais normais geralmente envolvem desconforto na região abdominal inferior durante o período menstrual, mas são toleráveis e respondem bem a analgésicos simples, como ibuprofeno. Por outro lado, a endometriose é uma condição em que o tecido semelhante ao endométrio cresce fora do útero, causando dor intensa e, por vezes, crônica, que pode ocorrer em momentos além da menstruação.

Assim, se as cólicas são persistentes, ocorrem fora do ciclo menstrual normal, estão associadas a dores intensas durante a relação sexual, se há histórico familiar de endometriose, ou suspeita de infertilidade, é aconselhável buscar avaliação médica. 

5 – É normal sentir cólicas fora do período menstrual?

Sentir cólicas fora do período menstrual pode ter várias causas, algumas das quais são consideradas normais, enquanto outras podem indicar a presença de problemas de saúde subjacentes. Causas normais podem incluir a ovulação, que geralmente ocorre no meio do ciclo menstrual e pode causar um desconforto abdominal leve. Além disso, o aumento da atividade uterina durante o orgasmo pode levar a sensações semelhantes às cólicas.

No entanto, cólicas fora do período menstrual que são persistentes, intensas ou associadas a outros sintomas como dor durante a relação sexual, irregularidades menstruais, ou distúrbios gastrointestinais, podem indicar a necessidade de uma ida ao ginecologista para avaliação. Isso porque condições como endometriose, síndrome do intestino irritável (SII), infecções pélvicas ou distúrbios gastrointestinais podem causar dor abdominal fora do ciclo menstrual normal. 

6 – Qual é a relação entre as cólicas e o uso de pílula anticoncepcional?

O uso de pílulas anticoncepcionais pode influenciar a intensidade das cólicas menstruais de forma positiva para muitas mulheres. As pílulas anticoncepcionais contêm hormônios, geralmente estrogênio e progesterona sintética, que ajudam a regular o ciclo menstrual. Muitas vezes, esses hormônios têm efeitos sobre o revestimento do útero, tornando-o mais fino e, consequentemente, reduzindo a intensidade das contrações uterinas durante a menstruação.

Dessa forma, para algumas mulheres, o uso de pílulas anticoncepcionais pode resultar em períodos menstruais mais leves e menos dolorosos. Além disso, muitas mulheres relatam uma diminuição nas cólicas menstruais quando estão em uso contínuo da pílula, já que os comprimidos podem suprimir completamente a ovulação, reduzindo a produção de prostaglandinas, substâncias associadas às cólicas.

No entanto, é importante dizer que a resposta ao uso da pílula pode variar de mulher para mulher. Ou seja, algumas podem não notar mudanças ou, em casos raros, até mesmo experimentar um aumento nas cólicas.

7 – As cólicas menstruais podem ser sinal de infertilidade?

Cólicas menstruais, por si só, não são geralmente um indicativo direto de problemas de fertilidade. No entanto, algumas condições que geram cólicas intensas podem, indiretamente, afetar a fertilidade. 

Condições como endometriose, miomas uterinos ou infecções pélvicas podem causar dor pélvica e cólicas menstruais intensas, e essas condições podem, em alguns casos, afetar a fertilidade. Por exemplo, a endometriose, em que o tecido semelhante ao endométrio cresce fora do útero, pode causar obstruções nas trompas de Falópio, interferindo na capacidade de conceber.

8 – É verdade que adolescentes sentem mais cólicas que mulheres adultas?

Sim, é comum que adolescentes experimentem cólicas menstruais mais intensas do que mulheres adultas. Até porque a intensidade das cólicas pode variar significativamente de uma pessoa para outra, e ao longo do tempo.

Durante a adolescência, é comum que as cólicas sejam mais intensas em comparação com as experimentadas por mulheres mais maduras. Dois fatores contribuem para agravar as cólicas em jovens: o aumento do fluxo menstrual e o menor tamanho do útero. Nas adolescentes, o útero ainda é pequeno e o canal de saída para a menstruação é mais estreito. Para permitir que o endométrio seja expelido através desse colo uterino estreito, as prostaglandinas aumentam as contrações. Com isso, e como o útero ainda é pequeno, a concentração de prostaglandinas nessa região pode ser excessiva. Em grandes quantidades e sem uma saída adequada, as prostaglandinas acabam causando dores mais intensas. No entanto, com o passar do tempo, o útero cresce e as prostaglandinas têm mais espaço para se dispersar.

9 – Existe uma idade em que as cólicas menstruais tendem a diminuir ou desaparecer?

Sim, para muitas mulheres, a intensidade das cólicas menstruais tende a diminuir com o passar do tempo. Geralmente, a adolescência e os primeiros anos após a menarca (primeira menstruação) são períodos nos quais as cólicas podem ser mais intensas. No entanto, conforme as mulheres envelhecem, muitas notam uma redução na intensidade das cólicas.

Além disso, após a gravidez e o parto, muitas mulheres passam a sentir menos cólica. Enfim, durante a menopausa, que geralmente ocorre por volta dos 50 anos, as cólicas menstruais cessam completamente, já que a mulher deixa de ter menstruações.

No entanto, vale reforçar: cada mulher é única, e a experiência com cólicas menstruais pode variar amplamente. Algumas mulheres podem continuar a experimentar cólicas menstruais intensas ao longo da vida, enquanto outras podem notar uma diminuição natural com o tempo. 

10 – É verdade que quem tem DIU sente mais cólica?

Sim, é possível que algumas mulheres sintam cólicas mais intensas após a inserção do Dispositivo Intrauterino (DIU). O DIU é um método contraceptivo eficaz, mas que pode causar algumas mudanças no corpo, e certas mulheres relatam aumento nas cólicas menstruais como um dos efeitos colaterais.

Existem dois tipos principais de DIU: o hormonal, que libera pequenas quantidades de hormônios, e o não hormonal, feito de cobre. O DIU hormonal pode alterar o muco cervical, tornando-o mais espesso, e inibir o crescimento do endométrio, o que pode resultar em cólicas mais intensas para algumas mulheres. O DIU de cobre, por sua vez, pode aumentar a produção de prostaglandinas, substâncias que podem causar contrações uterinas mais intensas e, consequentemente, cólicas mais fortes.

Novamente, é importante dizer que nem todas as mulheres que usam DIU experimentarão cólicas mais intensas, e a resposta ao dispositivo pode variar consideravelmente de uma pessoa para outra. 

Tem outras perguntas sobre cólica menstrual? Deixe sua dúvida por aqui ou no meu Instagram (@dr.rodrigoferrarese).

Um beijo,
Dr. Rodrigo Ferrarese
Ginecologista e obstetra
CRMSP 149403
RQE 70017

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