Acreditem: quando vocês reclamam da falta de libido na menopausa, não estão sozinhas. O tema é um dos mais abordados em consulta nesta fase da vida da mulher. Afinal, trata-se de um período de grandes transformações físicas e emocionais – e o desejo sexual é diretamente impactado.

Assim, são muitas as mulheres que percebem mudanças na libido na menopausa e buscam maneiras de compreender e lidar com essas alterações. Por isso, neste artigo, vamos explorar o que é libido, os fatores que a influenciam e como manter o desejo sexual saudável na menopausa.

O que é libido?

A libido é o desejo ou impulso sexual, influenciado por fatores biológicos, psicológicos e sociais. Ela varia naturalmente ao longo da vida e pode ser impactada por diversos aspectos, como hormônios, saúde física e mental, relações interpessoais e estilo de vida.

O que gera libido?

A libido é regulada por uma combinação de fatores biológicos e comportamentais. No aspecto biológico, hormônios como testosterona, estrogênio e dopamina desempenham um papel essencial no desejo sexual. Além disso, a saúde geral, qualidade do sono, alimentação e exercícios físicos influenciam a energia e disposição para o sexo. No campo comportamental, fatores como autoestima, estresse, qualidade do relacionamento e estimulação mental também afetam diretamente a libido.

Em resumo, é difícil pontuarmos um único fator que causa a diminuição ou falta da libido.

O que acontece com a libido na menopausa?

Durante a menopausa, a queda dos hormônios sexuais, especialmente estrogênio e testosterona, pode levar à diminuição do desejo sexual. Além disso, essa queda hormonal afeta também a lubrificação vaginal, o que acaba tornando o ato sexual menos confortável. Ainda, fatores emocionais e psicológicos, como alterações de humor, ansiedade, depressão e questões ligadas à autoimagem, podem contribuir para a diminuição da libido.

Como aumentar a libido na menopausa?

Manter a libido na menopausa pode ser um desafio, mas algumas estratégias ajudam a minimizar os impactos das mudanças hormonais e emocionais. A seguir, algumas recomendações para estimular o desejo sexual e melhorar a qualidade de vida:

Cuide da alimentação:

Consuma alimentos ricos em antioxidantes, vitaminas do complexo B, zinco e magnésio, que auxiliam na produção hormonal e no bem-estar geral. Exemplos incluem frutas vermelhas, nozes e chá verde para antioxidantes; ovos, grãos integrais e leguminosas para vitaminas do complexo B; carnes magras, sementes e castanhas para zinco; e espinafre, banana e abacate para magnésio.

Pratique exercícios físicos:

Atividades como musculação, pilates e yoga melhoram a circulação sanguínea, aumentam a energia e ajudam no equilíbrio hormonal.

Durma bem:

O sono de qualidade é essencial para a regulação dos hormônios e para a disposição física e mental. Para melhorar a qualidade do sono, evite cafeína e eletrônicos antes de dormir, mantenha um ambiente escuro e silencioso, estabeleça um horário regular para dormir e pratique técnicas de relaxamento, como respiração profunda ou meditação.

Gerencie o estresse:

Técnicas de relaxamento, como meditação e respiração consciente, ajudam a reduzir o impacto do estresse na libido.

Use lubrificantes e hidratantes vaginais:

Esses produtos melhoram o conforto durante a relação sexual, reduzindo desconfortos causados pela secura vaginal. Para escolher o melhor lubrificante, prefira os à base de água, que são compatíveis com preservativos e menos propensos a causar irritações. Lubrificantes à base de silicone oferecem maior durabilidade e são ideais para mulheres com secura intensa. Evite produtos com fragrâncias, parabenos e glicerina, pois podem causar irritações. Hidratantes vaginais, que oferecem umidade prolongada, também são uma excelente opção para o uso diário.

Invista na autoestima:

Cuidar da própria imagem, praticar o autocuidado e buscar atividades prazerosas fortalecem a confiança e o bem-estar emocional.

Fortaleça a intimidade no relacionamento:

O diálogo aberto, a redescoberta do prazer sem pressão e a conexão emocional são fundamentais para manter a vida sexual ativa. Algumas estratégias incluem:

• Comunicação aberta: conversar sobre desejos, expectativas e inseguranças pode ajudar a fortalecer a conexão e criar um ambiente mais acolhedor.
• Exploração de novas formas de intimidade: Nem sempre o sexo precisa seguir um roteiro tradicional. Carinhos, massagens e momentos de cumplicidade podem fortalecer a relação e despertar o desejo.
• Criação de momentos especiais: reservar um tempo para o casal, sem distrações, pode ajudar a manter a proximidade emocional e física.
• Evitar cobranças: o prazer deve ser vivido sem pressão ou culpa. Dessa forma, respeitar o tempo e os limites de cada um torna a experiência mais prazerosa e natural.

Considere acompanhamento psicológico ou terapia sexual:

Se os impactos emocionais forem significativos, buscar ajuda profissional pode ser uma excelente alternativa para ressignificar a sexualidade na menopausa.

Reposição hormonal e libido na menopausa

A reposição hormonal pode ser uma alternativa para mulheres que apresentam uma queda significativa da libido devido às mudanças hormonais da menopausa. O tratamento pode incluir a reposição de estrogênio e, em alguns casos, de testosterona, sempre com aval e acompanhamento de um médico. No entanto, não é uma solução única e deve ser considerada dentro do contexto da saúde geral da mulher, avaliando riscos e benefícios. Assim, alternativas naturais, como fitoestrógenos e suplementos, também podem ser exploradas.

Como o parceiro ou parceira pode ajudar?

O apoio do parceiro ou parceira é fundamental para atravessar esse período com mais conforto e segurança. Dessa forma, o diálogo aberto sobre expectativas, sentimentos e mudanças no desejo sexual é essencial para manter a conexão no relacionamento. Além disso, explorar novas formas de intimidade, sem pressão, pode ajudar a redescobrir o prazer de maneira natural. Demonstrar compreensão e paciência também são atitudes importantes para fortalecer o vínculo afetivo.

Quando falar com um ginecologista sobre libido na menopausa?

Se a queda da libido estiver impactando negativamente a qualidade de vida e o relacionamento, é recomendável buscar orientação médica. O ginecologista pode avaliar as causas do problema, sugerir exames para investigar possíveis deficiências hormonais e indicar tratamentos adequados, seja por meio de intervenções hormonais, terapias complementares ou mudanças no estilo de vida.

Lembre-se: a menopausa é uma fase natural da vida da mulher e traz mudanças que podem afetar a libido. No entanto, existem diversas formas de lidar com essas alterações e manter uma vida sexual satisfatória. Com informação, autocuidado, apoio do parceiro e acompanhamento médico, é possível viver essa etapa com mais segurança e bem-estar.

Ficou alguma dúvida sobre libido na menopausa? Lá no meu Instagram (@dr.rodrigoferrarese) respondo diariamente perguntas sobre questões ginecológicas =)

Você pode ainda fazer parte do Clube da Calcinha, um espaço que criei especialmente para responder dúvidas, mas de maneira personalizada e objetiva. Clique aqui para se inscrever!

Um beijo,
Dr. Rodrigo Ferrarese
Ginecologista e obstetra
CRMSP 149403
RQE 70017