A menopausa é marcada por mudanças hormonais que mexem com o humor, o sono, a energia, os ossos e o metabolismo. Por isso, muitas mulheres buscam suplementos para controlar sintomas e melhorar a qualidade de vida. Mas, apesar de populares, eles não são soluções universais — e nem sempre são seguros.
Por exemplo, como cada suplemento tem um efeito específico no corpo, alguns podem interferir em tratamentos já em uso. Nesse caso, o que deveria trazer alívio pode acabar piorando determinadas condições.
Então, neste artigo, explico quando a suplementação faz sentido, quais são os benefícios possíveis e também quais os cuidados necessários antes de escolher o que tomar.
Menopausa: o que é e por que o corpo muda tanto
A menopausa, oficialmente, acontece quando a mulher passa 12 meses seguidos sem menstruar. Mas os sinais de que o corpo está mudando começam antes, na chamada perimenopausa. É nessa fase que os níveis de estrogênio e progesterona — dois hormônios super importantes para a saúde dos ossos, do coração, da pele, do sono e até da memória — começam a cair aos poucos.
Com essa queda hormonal, é comum surgirem sintomas como ondas de calor, irritabilidade, ressecamento vaginal, dificuldade para dormir, cansaço, ganho de peso e perda de massa muscular. E como o corpo está se adaptando, podem aparecer também algumas carências nutricionais. Por isso, muitas mulheres recorrem a suplementos para aliviar os sintomas ou equilibrar o que está em falta.
Quando a suplementação na menopausa pode ajudar
Nem toda mulher precisa suplementar, mas em alguns casos, isso pode ajudar bastante. A suplementação costuma ser indicada quando há uma deficiência comprovada, quando a alimentação não dá conta do recado ou quando certos sintomas apontam para possíveis carências nutricionais.
Entre os benefícios que podem vir com o uso adequado de suplementos estão:
- mais saúde para os ossos
- mais energia e disposição no dia a dia
- melhora do humor e da qualidade do sono
- menos inflamação no corpo
- suporte ao metabolismo
- ajuda na composição corporal
- alívio de sintomas como ondas de calor
Mas, vale lembrar: mesmo com todos esses benefícios, o ideal é conversar com seu ginecologista para entender o que realmente faz sentido para você. Afinal, cada corpo tem uma história — e o cuidado precisa ser personalizado.
Suplementos mais usados na menopausa (e como atuam)
Quando bem indicados, os suplementos podem ajudar bastante — mas é importante entender o papel de cada um para fazer escolhas seguras e que realmente façam sentido para o seu corpo.
Aqui vai um guia prático dos suplementos mais comuns nessa fase:
- Vitamina D
Aliada dos ossos, da imunidade e até do humor. A deficiência é bem comum depois dos 40.
⚠️ Excesso pode causar pedras nos rins e problemas no coração.
- Cálcio
Fundamental para prevenir osteopenia e osteoporose.
⚠️ Em excesso, pode causar prisão de ventre e calcificações nos vasos.
- Magnésio
Ajuda no sono, na irritabilidade e também na saúde óssea.
⚠️ Doses altas podem causar diarreia e queda de pressão.
- Ômega-3
Tem ação anti-inflamatória, melhora a memória, humor e protege o coração.
⚠️ Pode aumentar o risco de sangramento em quem usa anticoagulantes.
- Complexo B
Dá suporte à energia, à cognição e ao metabolismo hormonal.
⚠️ Em excesso, pode causar formigamento e alterações neurológicas.
- Probióticos
Equilibram a flora intestinal e vaginal, reduzem inflamações e ajudam na digestão.
⚠️ A escolha precisa ser personalizada — cada cepa tem uma função específica.
- Fitoterápicos (como isoflavonas, prímula, cimicifuga, black cohosh)
Podem aliviar os famosos calorões e a irritabilidade.
⚠️ Mesmo sendo naturais, podem agir como hormônios e interagir com medicamentos.
- Creatina
Ajuda a manter a massa muscular, força e energia celular — super importante porque a menopausa acelera a perda muscular. Também, pode melhorar o humor e a cognição.
⚠️ Não é indicada sem avaliação médica em casos de doença renal.
- Proteínas (whey, blends proteicos, colágeno com proteína)
Contribuem para manter a massa magra, controlar o peso e dar mais energia.
⚠️ Mas, só vale suplementar se a alimentação não estiver dando conta.
- Coenzima Q10 (CoQ10)
Importante para a energia celular e saúde cardiovascular. Ainda, pode ajudar na fadiga e disposição.
⚠️ Pode interagir com medicamentos para pressão e diabetes.
Quando NÃO usar suplementação (e por quê)
A suplementação não é obrigatória para todas as mulheres, e saber quando evitá-la é tão importante quanto saber quando usar. Afinal, em alguns casos, ela pode ser desnecessária, ineficaz ou até prejudicial. Por isso, a avaliação médica é indispensável.
Quando não há deficiência comprovada
Suplementos só fazem efeito quando existe falta real. Assim, tomar sem necessidade aumenta risco de toxicidade, como excesso de vitamina D ou cálcio.
Quando há risco de interação com medicamentos
Ômega-3, fitoterápicos e complexos vitamínicos podem alterar o efeito de remédios para pressão, anticoagulantes, anticonvulsivantes e antidepressivos.
Doenças renais, hepáticas ou cardíacas
Rins e fígado metabolizam vitaminas. Ou seja, em quem tem doença crônica, suplementar pode sobrecarregar os órgãos e ser prejudicial.
Histórico de câncer hormonossensível
Fitoterápicos com ação estrogênica podem estimular receptores hormonais e não são recomendados para mulheres com histórico de câncer de mama ou endométrio.
Quando ajustes de estilo de vida seriam suficientes
Sono regular, exercício físico, manejo do estresse e melhora alimentar corrigem muitos sintomas leves sem necessidade de suplementação.
Suplementação não substitui hábitos saudáveis
Por mais que os suplementos tenham seu valor, eles não resolvem sozinhos sintomas como ondas de calor, ganho de peso ou insônia. Assim, o bem-estar na menopausa continua dependendo de pilares que fazem toda a diferença:
- uma alimentação equilibrada e nutritiva
- prática regular de atividade física
- sono de qualidade
- menos álcool no dia a dia
- acompanhamento médico constante
A suplementação entra como apoio — nunca como substituto desses hábitos. Ou seja, é o conjunto que faz efeito, e cada escolha saudável conta!
Conclusão: equilíbrio e segurança fazem toda a diferença
A suplementação pode ser uma aliada poderosa na menopausa, ajudando na energia, no sono, nos ossos e na disposição. Mas, para funcionar e ser segura, precisa ser usada da forma certa — com indicação médica, dose adequada e avaliação individualizada.
Com orientação profissional e hábitos saudáveis, é possível atravessar a menopausa com mais vitalidade, conforto e qualidade de vida.
E, caso tenha ficado alguma dúvida sobre suplementação na menopausa, no meu Instagram (@dr.rodrigoferrarese) respondo perguntas diariamente =)
Um beijo,
Dr. Rodrigo Ferrarese
Ginecologista e obstetra
CRMSP 149403 | RQE 70017