A incontinência urinária é uma condição que impacta profundamente a qualidade de vida de quem convive com ela. Mais comum do que se imagina, esse problema pode gerar constrangimento, insegurança e até o isolamento social. Mas, o que muitas pessoas não sabem, é que o problema tem tratamento — e o primeiro passo é entender as causas da incontinência urinária e buscar ajuda especializada.
O que é incontinência urinária
A incontinência urinária é definida como a perda involuntária de urina. Assim, ela pode variar desde pequenos escapes ocasionais até vazamentos mais intensos e frequentes. A condição pode afetar pessoas de diferentes idades, mas é mais comum em mulheres, especialmente após a gestação, na menopausa e na terceira idade.
Há diferentes tipos de incontinência, como a de esforço, de urgência, mista, por transbordamento, entre outras. Cada uma tem mecanismos e causas específicas, o que reforça a importância de uma avaliação individualizada.
Quais são os sintomas da incontinência urinária
A incontinência urinária pode se manifestar de formas variadas, dependendo de sua causa e do tipo. Os principais sinais e sintomas incluem:
- Escape de urina ao tossir, espirrar, rir ou fazer esforço físico
- Urgência súbita para urinar, com dificuldade de segurar
- Aumento da frequência urinária, inclusive durante a noite (noctúria)
- Sensação de esvaziamento incompleto da bexiga
- Vazamentos sem percepção prévia de vontade urinária
Assim, caso apresente esses sintomas com frequência, é importante buscar a avaliação de um ginecologista.
7 Causas da incontinência urinária
Trata-se de um problema que pode surgir a partir de uma combinação de fatores físicos, neurológicos e hormonais. Dessa forma, compreender as causas da incontinência urinária é fundamental para um diagnóstico preciso e para a escolha do tratamento mais adequado.
-  Enfraquecimento dos músculos do assoalho pélvico  
Os músculos do assoalho pélvico têm a função de sustentar órgãos como a bexiga, o útero e o reto. Assim, quando esses músculos estão enfraquecidos — algo comum após gestações, partos vaginais, envelhecimento ou sedentarismo — o controle da bexiga pode ser comprometido. Com isso, acontecem as perdas urinárias, principalmente em situações de esforço, como tossir, rir, espirrar ou levantar peso. O enfraquecimento muscular é uma das causas incontinência urinária de esforço.
-  Lesões neurológicas  
O funcionamento da bexiga depende de uma complexa comunicação entre cérebro, medula espinhal e nervos periféricos. Dessa forma, quando há uma lesão em alguma dessas estruturas — como em casos de AVC, esclerose múltipla, lesão medular ou neuropatia diabética — os sinais que controlam a micção podem ser prejudicados. Com isso, pode haver tanto dificuldade para segurar a urina quanto incapacidade de esvaziar completamente a bexiga, causando escapes involuntários.
-  Alterações hormonais  
Durante a menopausa, a queda dos níveis de estrogênio afeta diretamente a estrutura e a elasticidade dos tecidos da uretra e da bexiga. Consequentemente, a mucosa se torna mais fina, menos vascularizada e mais suscetível a infecções e irritações. Essas alterações são uma das causas da incontinência urinária, especialmente quando associadas a outros fatores como o enfraquecimento muscular. Em algumas mulheres, essa relação hormonal pode ser sutil, mas suficiente para desencadear os sintomas.
-  Problemas estruturais  
Alterações anatômicas ou lesões físicas também são uma das causas da incontinência urinária. Assim, prolapsos (como o da bexiga, chamado cistocele), cirurgias prévias pélvicas ou traumas obstétricos podem comprometer a posição e o funcionamento adequado da bexiga e da uretra. Afinal, são problemas estruturais que dificultam o fechamento da uretra, favorecendo perdas involuntárias de urina, especialmente em atividades que aumentam a pressão abdominal.
-  Obstruções do trato urinário  
Obstruções, como cálculos urinários ou tumores, podem impedir o fluxo normal de urina, aumentando a pressão dentro da bexiga. Isso pode levar a vazamentos involuntários ou à chamada incontinência por transbordamento, em que a bexiga fica tão cheia que a urina escapa sem controle. Em homens, o aumento da próstata é uma causa comum de obstrução, mas nas mulheres também pode ocorrer, especialmente em casos de tumores pélvicos.
-  Doenças crônicas  
Algumas doenças crônicas, como diabetes, podem afetar a função nervosa (neuropatia periférica), reduzindo a sensibilidade e o controle sobre a bexiga. Ainda, outras condições, como insuficiência cardíaca, podem causar retenção de líquidos durante o dia e aumento da diurese noturna, contribuindo para episódios de incontinência. Em resumo, a combinação de fatores metabólicos, musculares e neurológicos presentes em doenças crônicas faz com que esse grupo de pacientes tenha risco aumentado para o problema.
-  Hábitos de vida  
Estilo de vida e comportamentos diários também desempenham papel importante na saúde urinária. Por exemplo, o tabagismo está associado à tosse crônica, que aumenta a pressão abdominal e pode agravar a incontinência. A obesidade aumenta a pressão sobre a bexiga e os músculos pélvicos, favorecendo escapes urinários. Já o consumo excessivo de cafeína, álcool ou bebidas diuréticas pode estimular excessivamente a bexiga e piorar os sintomas. Dessa forma, mudanças simples nos hábitos podem ter impacto significativo na prevenção e no controle da condição.
Quais os tratamentos para incontinência urinária
O tratamento da incontinência urinária deve ser sempre individualizado, considerando o tipo de incontinência, sua causa, a gravidade dos sintomas e o impacto na qualidade de vida da paciente. Felizmente, existem diversas abordagens disponíveis — desde medidas comportamentais até intervenções cirúrgicas — que podem trazer alívio significativo ou até a resolução do problema, sempre lidando com as causas da incontinência urinária.
As principais opções de tratamento incluem:
Exercícios do assoalho pélvico (exercícios de Kegel)
Fortalecem os músculos responsáveis por controlar a saída da urina, sendo especialmente eficazes em casos de incontinência de esforço. No entanto, devem ser realizados de forma orientada para garantir bons resultados.
Laser vaginal
O tratamento com laser vaginal é uma tecnologia minimamente invasiva que estimula a produção de colágeno na mucosa vaginal e nas estruturas de sustentação do canal uretral. Ele promove melhora na tonicidade local e pode ser especialmente eficaz nos casos leves a moderados de incontinência urinária de esforço, além de contribuir para a saúde íntima da mulher durante a menopausa.
Mudanças no estilo de vida
Reduzir o consumo de cafeína e álcool, parar de fumar, perder peso e tratar constipações crônicas são medidas simples que podem melhorar muito os sintomas.
Treinamento da bexiga
São técnicas que ajudam a reeducar os intervalos entre as micções e a controlar melhor a urgência urinária.
Medicações
Existem medicamentos que atuam diretamente na bexiga, reduzindo as contrações involuntárias ou ajudando no fortalecimento do esfíncter urinário, dependendo do tipo de incontinência.
Dispositivos e suportes
Em alguns casos, o uso de pessários (dispositivos colocados na vagina para sustentar a bexiga) ou tampões uretrais pode ser indicado como solução temporária ou complementar.
Cirurgia
Indicada quando os tratamentos conservadores não são suficientes. Assim, procedimentos como o sling (uma espécie de faixa que sustenta a uretra) têm bons resultados, especialmente em casos de incontinência de esforço.
Nada de sofrer em silêncio
A incontinência urinária pode ser um desafio desconfortável e, muitas vezes, silencioso. No entanto, é importante lembrar que existe tratamento e que ninguém precisa conviver com esse incômodo sem ajuda. Dessa forma, procurar um ginecologista é o primeiro passo para entender a origem do problema e escolher, juntos, o caminho mais eficaz para retomar o bem-estar e a autonomia no dia a dia.
Tem mais dúvidas sobre as causas da incontinência urinária? No meu Instagram (@dr.rodrigoferrarese) respondo dúvidas diariamente =)
Um beijo,
Dr. Rodrigo Ferrarese
Ginecologista e obstetra
CRMSP 149403
RQE 70017