Um útero septado é quando o órgão é dividido em duas partes por uma membrana que chamamos de septo. Trata-se de uma anomalia uterina congênita, ou seja, a mulher já nasce com a condição.
Aqui, respondo 9 perguntas frequentes sobre o problema, incluindo seus possíveis efeitos em relação à gestação, e como podemos diagnosticar e tratar um útero septado.
1 – O que é um útero septado?
Um útero septado é uma anomalia congênita em que uma membrana percorre o meio do útero, dividindo-o em duas partes. Essa membrana é chamada de septo e pode variar em espessura e comprimento. Começa na parte superior do útero e pode se estender até o colo do útero (parte inferior) e, ocasionalmente, até a vagina.
Quando falamos em um útero típico pensamos em uma cavidade oca no formato de uma pêra invertida. No entanto, se você tiver um útero septado, seu útero terá duas cavidades menores, em vez de uma única maior.
Esta condição, também chamada de septo uterino, pode causar alguns sintomas, mas a maioria das mulheres só saberá que tem um útero septado até engravidar ou sofrer diversos abortos espontâneos. Mas, é importante deixar claro: se você é uma dessas mulheres, saiba que é possível ter uma gravidez e parto perfeitamente saudáveis.
2 – O que causa um útero septado?
Um útero septado é congênito, ou seja, existe desde o nascimento.
Em um útero típico, dois dutos (chamados ductos de Müller) se fundem para formar uma cavidade uterina. No entanto, se você tiver um útero septado, estes dutos não se fundiram adequadamente. Em vez disso, eles criaram uma membrana de tecido no meio do órgão.
3 – Ter útero septado pode fazer mal?
A condição não é necessariamente ruim e não causa complicações de saúde a longo prazo. No entanto, pode aumentar o risco de aborto espontâneo e é uma possível causa de perda frequente de gravidez. Estudos mostram que a taxa de aborto espontâneo em pessoas com útero septado é cerca de 15% maior do que aquelas com um útero de formato regular. No entanto, nem todas as pessoas com essa anomalia sofrem aborto espontâneo.
Além disso, pessoas com útero septado podem vivenciar, desde cedo, fortes cólicas durante a menstruação.
4 – Quais são os sintomas de um útero septado?
A maioria das pessoas com a condição é assintomática. Assim, é muito comum que a mulher só descubra que possui um útero septado quando seu médico começa a investigar a causa de abortos repetidos. No entanto, no caso da existência de sintomas, eles podem ser:
- Abortos frequentes
- Períodos menstruais dolorosos
- Dor pélvica
5 – Como é feito o diagnóstico de um útero septado?
Seu ginecologista provavelmente fará primeiro um exame pélvico. No entanto, a menos que o septo se estenda para dentro da vagina, um exame pélvico não mostrará a profundidade ou a posição da membrana. Então, o médico recorrerá a exames de imagem para obter a melhor imagem do septo, sua espessura e sua posição exata no útero.
Existem dois tipos diferentes de útero septado:
- Completo: o septo percorre todo o comprimento do útero e inclui o colo do útero. Em alguns casos, também pode se estender pelo colo do útero e entrar na vagina.
- Parcial: o septo não se estende até o colo do útero.
6 – Quais exames detectam um útero septado?
Os exames de imagem são fundamentais para sabermos se a paciente possui um útero septado. Mais ainda, para nos indicar o tamanho do septo.
Tenha em mente que o septo pode ser difícil de distinguir, pois é um pequeno pedaço de tecido. Assim, não raro ele é confundido com outras anomalias uterinas, como um útero bicorno. Por isso pode ser que seu ginecologista peça exames mais detalhados.
Exames de imagem que detectam um útero septado podem incluir:
- Ultrassom
- Ressonância magnética
- Histeroscopia
- Histerossalpingografia
- Laparoscopia
7 – Quem tem o útero septado pode engravidar?
Sim, é possível ter uma gravidez normal. No entanto, existem vários riscos a serem observados se você estiver grávida e tiver um útero septado, já que o espaço destinado ao bebê será menor:
- Aborto espontâneo
- Nascimento prematuro
- Trabalho de parto prematuro
- Apresentação pélvica
Muito provavelmente seu obstetra considerará sua gravidez de alto risco, monitorando de perto o crescimento de seu bebê durante a gestação.
8 – Como um útero septado pode afetar o parto?
Bebês nascidos de pessoas com útero septado têm um risco maior de ficar em “posição de culatra”, ou seja, com os pés ou nádegas primeiro. Isso ocorre porque o feto tem menos espaço para girar com a cabeça para baixo devido ao formato irregular do útero. Caso isso aconteça, o obstetra pode recomendar uma cesariana. No entanto, ter um útero septado não necessariamente restringe um parto normal, sendo cada caso um caso.
9 – Qual o tratamento para um útero septado?
A única maneira de remover um septo do útero é através de cirurgia. Mas, vale lembrar: o procedimento só é indicado para mulheres que querem engravidar e já sofreram uma série de abortos espontâneos. Pessoas que não desejam filhos e são assintomáticas podem viver normalmente com a condição sem qualquer repercussão para sua saúde.
A cirurgia, chamada metroplastia histeroscópica, é um procedimento ambulatorial que leva cerca de uma hora. Após o procedimento, as chances de novos abortos espontâneos são reduzidas. Inclusive, um estudo mostrou que a taxa de gravidez após uma metroplastia histeroscópica é de cerca de 65%. No entanto, a maioria dos médicos recomenda esperar ao menos dois meses após a cirurgia para começar a tentar engravidar.
Em resumo? Ao descobrir que tem um útero septado converse com o seu ginecologista para juntos pensarem no melhor caminho para lidar com a questão, em especial se há o desejo de uma gravidez.
Tem mais dúvidas sobre diferentes tipos de útero? No meu Instagram (@dr.rodrigoferrarese) respondo perguntas diariamente =)
Um beijo,
Dr. Rodrigo Ferrarese
Ginecologista e obstetra
RMSP 149403
RQE 70017