Quando usada corretamente, a Anticoncepção de Emergência (AE) – chamada popularmente de pílula do dia seguinte – funciona bem para prevenir a gravidez após uma relação sexual desprotegida. Ainda, é um método bem-vindo nos casos em que o controle de natalidade usado falhar (como quando um preservativo se rompe, por exemplo), ou em casos de agressão sexual ou estupro. No entanto, não deve ser considerado um método corriqueiro e sim, como o próprio nome já diz, emergencial.
Neste artigo, listei as principais dúvidas que recebo de pacientes sobre a pílula do dia seguinte. Mas, caso haja alguma pergunta sobre este método contraceptivo que gostaria de saber, encorajo-a a enviá-la para o meu Instagram: @dr.rodrigoferrarese
1. Em quanto tempo após o sexo desprotegido devo usar a pílula do dia seguinte?
Esta é geralmente a primeira coisa que minhas pacientes querem saber. A resposta é o quanto antes! Isso porque as maiores chances de sucesso da eficácia da anticoncepção de emergência acontecem quando ela é ingerida até 48 horas após o sexo desprotegido. Por exemplo, se for tomada em até 24 horas após a relação sexual, há apenas 1% de chance de ela falhar. No entanto, quando utilizada dentro de 72 horas (três dias), o potencial de falha sobe para 5%.
Ou seja, por mais que o nome popular do contraceptivo emergencial seja pílula do dia seguinte, o medicamento não deve ser tomado só no dia seguinte e sim o mais rápido possível após a relação sem proteção.
Ainda, vale lembrar que, como qualquer método contraceptivo, a pílula do dia seguinte não é 100% eficaz. Assim, havendo atraso na menstruação, faça um teste de gravidez.
2. Como funciona a pílula do dia seguinte?
No Brasil, a Anticoncepção de Emergência mais usada é composta por levonorgestrel, que é um tipo de progesterona sintética e também um fármaco usado em contraceptivos hormonais.
Ele atua como método contraceptivo de emergência porque inibe a ovulação e impede a fertilização do óvulo pelo espermatozoide.
3. A pílula do dia seguinte atrasa a menstruação?
No geral, a mulher volta a menstruar com até uma semana de diferença do esperado. Por exemplo, pode ser que a menstruação venha uma semana antes ou uma semana depois do dia em que normalmente viria. Ainda, pode-se observar um sangramento irregular (pouco). Isto é normal.
4. É seguro usar a pílula do dia seguinte mais de uma vez em um mês?
Sim, é seguro usar a Anticoncepção de Emergência várias vezes em um ciclo menstrual. No entanto, não é recomendado. Isso porque, como qualquer medicamento, a pílula do dia seguinte também tem efeitos colaterais, sendo o principal deles a trombose. Mulheres que fumam, especialmente, devem evitar ao máximo o método.
Como efeitos colaterais secundários mais frequentes podemos citar também náuseas (40% a 50% dos casos) e vômito (de 15% a 20%), segundo dados do Ministério da Saúde.
Ou seja, a pílula do dia seguinte não deve ser considerada como um plano de controle de natalidade e, sim, como uma resposta emergencial a um imprevisto.
Além disso, o uso repetitivo ou frequente da AE compromete sua eficácia, que será sempre menor do que aquela obtida com o uso regular do método anticonceptivo de rotina.
Se a camisinha está fora de cogitação, seja por preferência ou alergias, há diversas outras opções de métodos contraceptivos, como a pílula anticoncepcional, o implante contraceptivo, a injeção mensal ou trimestral, e mesmo o DIU, que pode prevenir a gravidez por muitos anos.
5. A pílula do dia seguinte afeta a fertilidade?
Não. Nenhum tipo de Anticoncepção de Emergência tem qualquer efeito sobre a fertilidade futura da mulher.
6. A pílula do dia seguinte é abortiva?
A pílula do dia seguinte não atua nos casos em que a mulher já ovulou. Isso porque ela atua justamente inibindo a ovulação. Assim, não tem efeito sobre um óvulo já fecundado. Portanto, não é abortiva.
7. Preciso consultar um médico depois de usar a pílula do dia seguinte?
As mulheres geralmente não precisam consultar um ginecologista após o uso da Anticoncepção de Emergência. No entanto, caso perceba sinais de uma possível gravidez, sangramento intenso anormal ou dor no abdome, entre em contato com o seu médico o quanto antes.
Esses sintomas devem ser verificados por um profissional de saúde.
Em resumo, a pílula do dia seguinte é uma forma segura e eficaz de prevenir a gravidez após sexo desprotegido. No entanto, se quiser um controle de natalidade mais confiável e econômico, o ideal é conversar com um ginecologista para, juntos, encontrarem a melhor opção para você!
Tem mais dúvidas sobre a pílula do dia seguinte? No meu Instagram (@dr.rodrigoferrarese) respondo diariamente questões sobre esse tema e outros relacionados à saúde da mulher =)
Um beijo,
Dr. Rodrigo Ferrarese
Ginecologista e obstetra
CRMSP 149403
RQE 70017